Calma aí, eu vou explicar: costumo falar aqui que minha missão e propósito é ajudar os autores. Nesses 13 anos de agência, tendo divulgado mais de três mil livros, já conheci milhares de escritores de perfis muito diferentes.
Mas fato é que existe, sim, um perfil padrão dessa figura que é maioria em termos de publicação e presença no mercado, e isso vem sendo estudado há anos.
É CLARO que isso não significa você precisa ser “desse jeito” para ser publicado. Eu trago essas informações apenas para que você conheça de forma mais abrangente o mercado do livro.
As duas pesquisas abaixo são baseadas na mesma proposta, a de compreender e enxergar o escritor e o contexto em que está inserido.
O perfil do escritor brasileiro
A Regina Dalcastagnè, da UNICAMP, é a pioneira neste assunto como coordenadora do estudo “Personagens do Romance Brasileiro Contemporâneo”, publicado em duas etapas (2005 e 2018).
Sua pesquisa traz uma visão de crítica social e fala sobre quem ocupa o espaço da escrita no Brasil. Levantou, em anos de dados, que o perfil do romancista brasileiro publicado por grandes editoras se manteve o mesmo por pelo menos 43 anos. – até 2018.
Segundo a pesquisadora, o autor é homem, branco, de classe média, nascido no eixo Rio-São Paulo. Seus narradores, protagonistas e coadjuvantes são em sua maioria homens, também brancos, de classe média, heterossexuais e moradores de grandes cidades. É possível perceber, então, a falta de mulheres e homens negros tanto na posição de autores (2%) como na de personagens (6%).
Outro estudo, agora mais focado no mercado editorial atual, fala ainda do desenvolvimento desse autor. Marcelo Stella, da USP, defendeu em 2018 sua tese em que expôs que o escritor brasileiro trabalha como jornalista (23%), professor universitário (13%), editor, roteirista ou exclusivamente como escritor (5%). É formado em Letras (18,93%), Jornalismo (14,69%), Direito (5,08%), História (3,11%), Filosofia ou Publicidade e Propaganda (2,82% cada).
A maioria reside no sudeste do país (75,38%) e nenhum participante de sua pesquisa mora no Norte. Os homens novamente são maioria (70%), o que reforça a falta de protagonismo feminino (30%).
Quanto às publicações, o gênero favorito para a estreia é o conto (46,15%), seguido do romance (29.23%) e da poesia (13,85%).
Esses autores conheceram na faculdade alguém que o ajudou na inserção do mundo literário (crítico famoso, um editor, agente…. Alguém que atuou decisivamente na publicação de um primeiro trabalho)
Foi notado a crescente necessidade de profissionalização dos escritores (oi, e aí, galera?! Rs), a importância de se aproximar do público e de ter uma produção mais intensa do que se esperava desses profissionais
O trabalho mostra ainda que gaúchos e mineiros vão a São Paulo ou Rio para viver de ou ao redor da literatura, já que há mais campo consolidado nesses estados. Atualmente, Pernambuco e Paraná também são polos importantes.
Essas são as duas principais pesquisas sobre o escritor e o mercado editorial e elas pontuam muito bem quem já está estabilizado neste espaço. E aí, o que acharam? Já esperavam que o autor brasileiro tivesse “essa cara” ou estão surpresos?
Já tenho livro pronto para publicar. Quero o modelo independente.
Amei sua substanciosa e cativante apresentação.
Não consegui me inscrever no curso.
Que pesquisa interessante.
Terminei de escrever recentemente meu livro de fantasia e fiquei feliz em perceber que coloquei personagens que estão em falta. Tem uma personagem feminina, que não é a protagonista, mas que ganhou força na história e deve surgir um spin-off com ela. Há também uma personagem negra de grande expressão.
lilian, obrigado por compartilhar a pesquisa.